CAAB apresenta campanha se saúde mental da advocacia com palestra do psicólogo Robson Bacelar
Com uma palestra intitulada ‘Setembro Amarelo mês de combate ao suicídio’, proferida pelo psicólogo Robson Bacelar, a CAAB apresentou oficialmente sua Campanha de saúde Mental na Advocacia Baiana, com a qual objetiva alertar sobre os sintomas, prevenir sobre as doenças que afetam a saúde mental no exercício da profissão e propor o acolhimento que a instituição dispõe para os associados. O evento, uma parceria com a Comissão de Direito à Saúde da OAB-BA, ocorreu na tarde desta segunda-feira (30/09), na sede da Caixa de Assistência no bairro de Nazaré, onde também foi apresentada a cartilha criada facilitar o acesso de advogados e advogadas a clínicas parceiras da instituição.
Segundo Robson Bacelar, a campanha Setembro Amarelo é de muita relevância e alerta para um tema como o suicídio e que a cada ano, infelizmente, os índices vêm aumentando em todo o mundo. Por isso, é necessário que todos nós possamos ter um nível de consciência do nosso papel, independentemente de qualquer área de atuação profissional, para podermos fazer as intervenções necessárias. “Eu chamo de intervenções, na verdade, focando no aspecto da prevenção. A prevenção é a melhor intervenção que a gente pode fazer para evitar o suicídio”, destacou.
“Como é um tema de muita relevância e muita seriedade eu acho que essa campanha não deveria ser apenas em setembro e sim o ano inteiro. Assim poderíamos salvar mais vidas. Existe uma série de intervenções que podemos colocar em prática, em especial no seio da família. As pessoas que, infelizmente cometem o ato, de certa forma já vêm demonstrando alguns sinais. Cada pessoa manifesta esses sinais de maneira deferente. Nós, conhecemos e convivemos com essa pessoa, percebemos que houve uma mudança profunda no seu comportamento, no seu estado de humor. Então, precisamos estar mais próximos dessa pessoa para averiguar o que de fato está acontecendo, o que ela está pensando, o que está sentindo, para que possamos fazer as intervenções. Muitas vezes uma simples escuta é muito importante”, lembra o psicólogo.
Ainda de acordo com Robson Bacelar, é importante buscar ajuda profissional nessas situações. E a família que está próxima desse ente querido tem que estar atenta para isso ao perceber as transformações. “Nessas horas o diálogo é muito importante no processo. Porém, o diálogo em família está cada vez mais escasso. Num diálogo é possível captar sinais, por exemplo, de desesperança, de dor, de sofrimento. A família pode e precisa detectar isso de imediato. E quando a família perceber que não terá mais como reverter o quadro tem que procurar a ajuda de um profissional”, alerta.
REDES SOCIAIS – “Reconhecemos a importância da tecnologia e que ela veio, de certa forma, nos ajudar bastante, sobretudo no aspecto da comunicação, No entanto, não podemos esconder que o celular, a Internet e as redes sociais têm prejudicado bastante, principalmente para aquelas pessoas que não têm limites para saber como lidar com isso. Então, realmente hoje, a tecnologia tem contribuído para o afastamento das pessoas e isso ocorre principalmente entre os próprios familiares, que é onde se pode detectar algum tipo de mudança de comportamento. Infelizmente, todas as idades estão sendo afetadas, em especial as crianças, ao adolescentes, os jovens”.
Finalizando o psicólogo elogiou o engajamento da Caixa de assistência nessa campanha. “Quando me foi oferecida a oportunidade de contribuir com essa palestra eu achei muito válido. A CAAB está de parabéns coma iniciativa de ter implantado esse projeto e o mais importante é que vai continuar independentemente do Setembro Amarelo. Isso é muito importante, ajuda muito e faz com que surjam mais agentes multiplicadores desse pensamento de ajudar no combate ao suicídio”.
CARTILHA – Idealizadora da campanha, a diretora da CAAB Kathia Mattos disse que é oportuna a colocação de Robson Bacellar, quando diz que essa é uma campanha que deveria ser lembrada o ano inteiro. “Nossa profissão é muito estressante e de resultados. Por isso mesmo, somos cobrados cada vez mais em nossa atuação. Sendo assim, é necessário que estejamos atentos a sintomas que possam estar mascarados em nossa rotina, como uma depressão. Atenta a essa questão, a Caixa de Assistência abraçou essa campanha e faz esse alerta aos colegas sobre a importância de se dar atenção à saúde mental”, disse a diretora.
Kathia Mattos ressaltou ainda a atuação da CAAB com a produção e distribuição da Cartilha da Saúde Mental da Advocacia. “Buscamos especialistas e fizemos parcerias para facilitar o acesso de advogados e advogadas a psicólogos, terapeutas, psicoterapeutas, psiquiatras durante todo o ano. O cuidado com a saúde da classe é uma das metas da atual gestão da instituição”, disse a diretora lembrando que a cartilha impressa pode ser adquirida na sede da CAAB e também acessando aqui.
“Para mim, o mais importante, o mais relevante na escolha do tema pela CAAB, é que o suicídio hoje está presente na sociedade de uma forma cada vez maior e com mais incidência. O adoecimento mental da população tem preocupado os especialistas em geral, médicos, psicólogos, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, e na advocacia a gente sabe que há uma pressão enorme pelo sucesso, pelo resultado. Existe um número muito grande de profissionais e a concorrência tem sobrecarregado mentalmente os advogados. Por isso mesmo, na minha opinião a Caixa foi muito feliz na escolha do enfoque porque o Setembro Amarelo é o mês de prevenção do suicídio. Mas, ao invés de falar só de suicídio, a palestra também falou de medidas para se conservar a saúde mental, com boas prática de acompanhamento do equilíbrio emocional da pessoa. O lançamento da cartilha também foi oportuno porque divulga para toda a comunidade advocatícia baiana os parceiros que podem nos auxiliar . É fundamental porque os advogados passam a ter isso de forma acessível e revela a preocupação da CAAB em fazer essas parcerias pensando na classe”, afirmou a presidente da Comissão de Direito à Saúde da OAB-BA Érica Meneses.
Presente ao evento, o secretário-geral adjunto da Caixa de Assistência, René Viana, falou sobre a campanha lançada pela instituição. “Essa é mais uma ação de extrema importância da CAAB. O suicídio, sobretudo, que tem em seus motivadores a depressão que é uma doença extremamente silenciosa. Falar sobre depressão e suicídio é muito importante, até porque já ultrapassamos a fase da sociedade em que eram assuntos apresentados como tabus. Não dá mais para ignorar, pois é uma realidade posta e que afeta em cheio a advocacia, uma atividade extenuante e que exige muito intelectualmente. Sobretudo, porque permeia muito sobre as relações sociais. E nós não podemos nos esquivar de encarar essa necessidade e de superaras dificuldades. E a melhor forma é através do diálogo, reconhecendo que as dificuldades estão postas, mas de cabeça erguida e com o apoio, sobretudo dos profissionais que estão capacitados para tanto, podemos enfrentar e superar essas dificuldades”.
“Eu acho uma iniciativa muito importante da CAAB porque a atividade na advocacia requer muita responsabilidade, muita cobrança e no final pode causar problemas emocionais porque o estresse hoje está dominando o mundo moderno pela necessidade de rapidez de atos. O advogado é um profissional que realmente cumpre prazos e enfrenta uma quantidade de trabalho muito grande. Muitos não observam que às vezes trabalham 18, 19 ou 20 horas por dia. Os próprios clientes acabam achando que somos super-homens e mulheres maravilhas. Na verdade, somo seres humanos e esse acúmulo de obrigações e cobranças começa a criar certos transtornos. Aí você tem um probleminha de pele e não observa que decorre de um problema emocional. Você fica com médicos que não são os adequados e resiste muito para procurar um médico especialista, de mente e de cabeça e não faz isso por preconceito. Então, busquem o médico, busquem o cardiologista com aquela dor no peito, mas busquem também o profissional da mente, o psicólogo, o psiquiatra e façam isso sem preconceitos. Esse é ainda um estigma muito grande que precisa ser quebrado aos poucos”, disse a advogada Nildes Embiruçu Magalhães (OAB-BAA 13.154).
Texto fotos: Clécio Max