CAAB homenageia Luiz Gama, patrono da abolição da escravidão no Brasil
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Em solenidade cercada de representatividade e valorização da história dos heróis negros brasileiros, a Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia (CAAB) promoveu nesta quarta-feira (30/11), o descerramento da placa em homenagem a Luiz Gama, primeiro advogado negro e patrono da abolição da escravidão no Brasil. O evento, que foi realizado na Praça Conselheiro Almeida Couto, em frente à sede da Casa da Advocacia, em Nazaré, foi conduzido pelo presidente da CAAB, Maurício Leahy, e contou com as presenças de diretores da instituição, dirigentes da OAB da Bahia, autoridades civis e militares, integrantes da Banda de Música da PMBA e convidados.
O presidente da Comissão da Advocacia Negra, Jonata Wiliam, reconheceu o importante papel da OAB e da CAAB na valorização da história do país. “Na nossa educação formal, temos pouco contato com essa parte da história. Por isso, o descerramento dessa placa mostra e acrescenta ao Brasil esse capítulo importante na sua transição para uma efetiva democracia. Mostra, aqui na Bahia, o compromisso inarredável que nós temos com a promoção da liberdade e reconstrução da história. E mostra o compromisso da OAB como um todo, desde a Caixa de Assistência, a Escola Superior de Advocacia, enquanto sistema para resgatar essa importância histórica”, destacou.
Responsável por levar o projeto da Caixa de Assistência para a Prefeitura de Salvador, o deputado estadual Paulo Câmara lembrou da importância de valorizar a identidade e a cultura negra na cidade de Salvador. “Esse é um ato de reparação e de reconhecimento. Nós estamos na capital com a maior população negra do país. Nós temos aqui a história, identidade, cultura, raça e tradição. Aqui foi fundado o Brasil. Aqui se mistura a nossa sociedade”.
Ao discursar, a vice-presidente da OAB da Bahia, Christiane Gurgel, lembrou do compromisso da Ordem com a causa. “Estamos aqui demonstrando o compromisso que a advocacia, através da CAAB e da OAB Bahia, tem com a história do nosso país, com nosso povo. O compromisso com a ordem jurídica, com o Estado Democrático de Direito, com a luta contra o racismo e com a luta em favor da igualdade e da liberdade”.
Maurício Leahy finalizou a cerimônia e realizou o descerramento da placa, ressaltando a importância de manter a história viva. “Eu sempre digo que nós precisamos saber tudo o que aconteceu no nosso passado e preservar a nossa origem, para que possamos avançar e realizar mais. Nunca esquecendo aqueles que são referência”. E acrescentou: “Eu fico muito feliz com a decisão na última sessão do Conselho Federal da OAB, conduzida pelo presidente Beto Simonetti, que reconheceu como a primeira advogada negra do Brasil a piauiense Esperança Garcia. Já conversei com o deputado para que, em breve, possamos colocar o busto dela aqui em Salvador”, concluiu.
Dentre os presentes à cerimônia, também estavam a vice-presidente da CAAB, Cléia Costa, o secretário-geral adjunto René Viana, os diretores Vanessa Lopes, Marcos Bomfim e Juliana Camões; a secretária-geral da OAB-BA Esmeralda Oliveira, os conselheiros federais Luiz Coutinho, Fabrício Castro, o conselheiro seccional Marcos Melo, o presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Distrito Federal e coordenador nacional da Coordenação Nacional das Caixas de Assistência dos Advogados (Concad) Eduardo Uchôa Athayde, o comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, Paulo Coutinho, e a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira Tânia Scofield.
SOBRE LUIZ GAMA – Filho de um descendente de portugueses, com uma mãe negra liberta, Luiz Gama nasceu livre, mas acabou vendido aos dez anos como escravo pelo próprio pai, que precisava pagar dívidas de jogo. A alforria veio aos 18 anos. Como autodidata, passou a estudar Direito e, usando as letras da lei, o primeiro advogado negro do Brasil libertou mais de 500 pessoas escravizadas.
Ele costumava assistir aulas como ouvinte na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na cidade de São Paulo. Hoje, o espaço é uma unidade da USP, que concedeu, em novembro de 2021, o título de doutor honoris causa póstuma. Essa foi a primeira vez que a maior universidade do país outorgou um título a um brasileiro negro e a segunda a um cidadão negro. O primeiro homenageado foi o ativista e ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela.
Luiz Gama foi também poeta e jornalista e segue como uma grande referência para a advocacia brasileira.